terça-feira, 15 de março de 2011

Dia


Ponho-me a observar somente. O anjo da aurora se distrai de última hora a se perder pelas chamas do sol. Eu, olhos de peixe, calado fico a escutar meu envolta. Outrora jazia em minha carne o fel dos maus instintos, eu, recoberto de esperança e calor no momento em que o sol mais uma vez irrompe das montanhas. Minha fraqueza é larva, o que me consome. Sou de um passo à frente, sou movido pelo ardor dos corações, pelas lágrimas dos cidadãos. Ajudo como a água molha a planta ou o vento move a palha, no último suspiro da tarde. Não sou ninguém para ninguém. Sou o que sou disposto a rasgar meu próprio véu, ajudar quem quiser. A noite cai e eu sobrevivo mais um dia, durmo a descansar sob as cobertas aliviadas do sossego.

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